Google Street View expõe segredos do Japão

quarta-feira, 6 de maio de 2009 ·

Mapa histórico de um vilarejo na região central do Japão: descendentes de castas baixas da sociedade ainda sofrem preconceito.

TÓQUIO - Quando o Google Earth acrescentou mapas históricos do Japão na sua coleção online no ano passado, o gigante das buscas provavelmente não esperava por uma revolta japonesa.

Afinal, as imagens já haviam sido publicadas em outro site e, em 2006, quando o serviço inseriu uma mapa histórico de Tóquio no seu arquivo, não houve problemas.

Entretanto, o Google está sendo obrigado a dar explicações ao Ministério da Justiça do Japão e enfrentando furiosas acusações de cidadãos porque os mapas publicados mostram detalhadamente a localização de antigas comunidades de castas inferiores da sociedade.

As imagens remetem a época feudal japonea, quando xoguns governavam o país e mantinham um rigoroso sistema de castas. Na parte mais baixa da hierarquia ficava uma classe chamada “burakumin”, etnicamente idêntica a outros japoneses mas que havia sido forçada a viver isolada porque trabalhava com atividades relacionadas com a morte (por exemplo: vendiam carne ou eram coveiros).

O sistema de castas foi abolido no país e os antigos povoados dos burakumins desapareceram à medida que as metrópoles japonesas cresceram.

Porém essa casta ainda sofre preconceitos, principalmente por causa do lugar onde moram ou de onde seus ancestrais viviam. Mudar de cidade não adianta, porque empregadores e familiares de possíveis esposas costumam contratar agências que investigam o passado das pessoas para verificar se elas têm alguma relação com os bukakumin.

Um funcionário de uma importante empresa japonesa que trabalha na área de recursos humanos afirmou que os profissionais descendentes de burakumin são automaticamente eliminados em processos de seleção.

O Google Earth expõe diversos povoados dessa casta. Com apenas um clique, é possível visualizar quais as ruas e prédios que hoje em dia estão no local.

Se houver algum incidente por causa dos mapas e o Google disser que não é culpa sua, vamos concluir que o sistema do Google é uma forma de preconceito”, declarou Toru Matsuoka, membro do parlamento japonês.

Questionado a respeito do assunto, o Google afirmou que “se preocupa profundamente com os direitos humanos e não tem nenhuma intenção de violá-los.”

Fonte: http://info.abril.com.br

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