No intervalo das aulas, no ônibus ou antes de dormir, ele escrevia frases no teclado de seu telefone e mandava cada uma diretamente para o site de rede social móvel Mobage-town. Quanto mais frases Yume-Hotaru postava, mais popular sua história se tornava. Logo após ganhar um prêmio, diversos editores o convidaram para publicar, em papel, seu livro digital. Já no início de 2008, o romance "First Experience", sobre amor e sexo na escola, era um dos títulos mais vendidos em uma das maiores livrarias de Tóquio.
Desde que surgiu no Japão, há quase uma década, os romances feitos em telefones celulares deixaram de ser um subgênero pouco conhecido e passaram a integrar um fenômeno literário. Sites de histórias feitas em telefones móveis começaram a ser lidos por bilhões de usuários mensalmente, enquanto editores passaram a vender milhões de cópias de livros que foram transpostos do meio digital para o impresso.
Os romances escritos em celular são postados em sites como o Maho no i-rando (Ilha da Magia, em japonês), o primeiro portal de livros feitos neste tipo de dispositivo do Japão. O site tem cerca de um milhão de títulos, 3,5 bilhões de visitantes mensais e seis milhões de usuários registrados, de acordo com a empresa que o mantém. Os leitores instantaneamente vêem os novos capítulos adicionados às histórias e postam comentários sobre o rumo que gostariam que as histórias tomassem.
De acordo com informações da CNN, as histórias são escritas e lidas principalmente por mulheres jovens. A maioria dos autores usa codinomes e afirma que suas histórias são, em parte, autobiográficas. Além disso, os romances geralmente são centrados em temas tabus para a sociedade japonesa, como drogas, sexo, gravidez, aborto, estupro e doenças.
"Quando eles escrevem esses romances, eles dividem segredos, problemas pessoais. E quando lêem através do celular, podem esconder o que estão lendo", explicou Toshie Takahashi, professor de estudos de mídia na Universidade Rikkyo, em Tóquio. "Eles estão envolvidos com seus telefones móveis de forma muito forte", acrescentou Takahashi, observando que 96% dos estudantes de Ensino Médio possuem celular no país.
Apesar da popularidade entre as mulheres, um escritor conhecido como Yoshi, considerado o primeiro novelista de celular, popularizou o gênero ao publicar o livro "Deep Love", em 2002. A obra, que fala de uma prostituta de Tóquio, vendeu cerca de 3 bilhões de cópias e foi adaptada para cinema, televisão e Mangás.
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