Google sente impacto da crise, mas supera expectativas

domingo, 19 de abril de 2009 ·

Miguel Helft

A crise econômica pôs fim à série ininterrupta de resultados de crescimento do Google: o gigante das buscas na internet anunciou na quinta-feira que registrou sua primeira queda de receita ante o trimestre anterior desde que abriu seu capital, em 2004, devido aos cortes nos orçamentos de publicidade online.

Mas o Google também está exibindo sinais de que se adaptou rapidamente às novas circunstâncias econômicas. Com a acentuada desaceleração em seu crescimento, ante o nível do ano passado, o Google impôs severos controles de custos e reduziu consideravelmente as suas despesas. Como resultado, a receita líquida da companhia no primeiro trimestre foi de US$ 1,42 bilhão, 8% acima do resultado do período em 2008 e superior às expectativas dos analistas.

"Os dias de gastos altos e sem limites são coisa do passado", disse Jeffrey Lindsay, analista da Sanford Bernstein. "Eles amadureceram muito, e existe uma boa dose de racionalidade".

O sinal mais claro de mudança pode ser o fato de que, pela primeira vez em sua história, o quadro de funcionários do Google caiu. A empresa encerrou o trimestre com 20.164 funcionários, 58 a menos do que no final do ano. O declínio pode ser modesto, mas representa forte contraste com as práticas da empresa 18 meses atrás, quando o Google ampliou sua força de trabalho em mais de 2,1 mil pessoas em apenas um trimestre.

O ritmo de crescimento se reduziu de maneira igualmente severa como resultado da recessão e das dimensões que a empresa veio a atingir. A receita no primeiro trimestre cresceu em apenas 6%, para US$ 5,51 bilhões, ante US$ 5,2 bilhões no período em 2008. O crescimento no primeiro trimestre foi 42% em 2008 e 63% em 2007.

A despeito da abrupta desaceleração em seu crescimento, o Google continuou a apresentar desempenho superior tanto ao de seus rivais quanto ao do mercado de publicidade online como um todo, que vem em declínio nos últimos meses.

"Não existem empresas imunes a recessão", disse Eric Schmidt, presidente-executivo do Google, em conversa telefônica com investidores. "O Google certamente está sentindo o impacto. Os usuários continuam realizando buscas, mas não estão fazendo tantas compras".

Mas Schmidt disse que "a despeito do clima econômico difícil, acreditamos que o Google tenha realizado um bom trimestre".

Schmidt não disse se o Google é capaz de antever qualquer sinal de recuperação em meio às montanhas de dados que recolhe sobre seus usuários. "Com relação à situação econômica, continuamos em terreno desconhecido", ele disse.

O Google também anunciou que Omid Kordestani, primeiro vendedor da empresa e hoje seu vice-presidente de vendas, assumiria um novo papel, como assessor sênior de Schmidt e dos co-fundadores Larry Page e Sergey Brin. Kordestani, que ocupou seu posto por 10 anos, será sucedido por Nikesh Arora, hoje vice-presidente de operações internacionais da companhia.

A promoção de Kordestani é a terceira mudança nas operações de vendas do Google em apenas um mês. Ela surge depois da saída de seus dois subordinados diretos - Tim Armstrong, que comandava as vendas nas Américas, e Sukhinder Singh Cassidy, que supervisionava as operações na América Latina e Ásia-Pacífico.

O Google informou que sua receita líquida nos três primeiros meses do ano foi de US$ 1,42 bilhão, ou US$ 4,49 por ação, ante US$ 1,31 bilhão, ou US$ 4,12 por ação, em 2008. A receita ajustada, que exclui o custo de opções de ações e outros itens, é de US$ 5,16 por ação, bem acima dos US$ 4,93 previstos pelos analistas.

O faturamento líquido do Google, excluídas comissões pagas a parceiros publicitários, foi de US$ 4,07 bilhões, 10% acima dos US$ 3,7 bilhões no primeiro trimestre de 2008. As projeções dos analistas eram similares.

"Os avanços nos resultados claramente se devem aos severos controles de custos", disse Christa Quarles, analista da Thomas Weisel Partners. Quarles diz que os investimentos de capital, que incluem despesas com centrais de processamento, haviam caído a US$ 263 milhões, ante US$ 846 milhões no primeiro trimestre do ano passado. "Eles tomaram diversas medidas para promover mais eficiência e consolidação em suas centrais de processamento de dados", disse Quarles.

O vice-presidente de finanças do Google, Patrick Pichette, alertou que esses declínios podem ser temporários e que o Google continuaria a investir de maneira significativa em áreas que considere vitais para os seus negócios. Ele informou, por exemplo, que o Google adquiriu um terreno para construir uma central de processamento de dados na Finlândia, mas que a construção não havia sido iniciada devido à severidade do inverno no país, o que sugere que os dispêndios de capital podem subir no restante do ano.

Em resposta a perguntas de analistas sobre os boatos de que o Google estaria discutindo a possibilidade de uma parceria com o Twitter, Schmidt disse que via oportunidades publicitárias interessantes não só no Twitter mas em outros serviços de comunicação em tempo real. Perguntado em entrevista se ele gostaria de ver o Google ajudando alguns desses serviços a vender publicidade, Schmidt respondeu: "Certamente".

Tradução: Paulo Migliacci ME

The New York Times

Fonte: www.terra.com.br

0 comentários:

Receba Atualizações

RECEBA ATUALIZAÇÕES DO BLOG DIRETO NO SEU E-MAIL:

Delivered by FeedBurner

Twitter

Duvidas e Recados

Tradutor

Parceiros Top

Leitores